quarta-feira, 14 de julho de 2010

Você sabia? (Centro Comercial)

Final da década de 50, Londrina já estava pujante com o café, a cidade crescendo cada vez mais e para o alto! Um empreendedor local decide erguer 3 torres de 20 andares e térreo comercial com mais de 100 lojas na pequena cidade do interior. E é desta maneira que eu começo o terceiro post da série "Você sabia?".

O Centro Comercial, localizado na r. Piauí esquina com a r. Souza Naves, em frente à Concha Acústica, é um dos maiores símbolos da verticalização precoce de Londrina. Projetado pelo Arquiteto-Engenheiro Américo Sato e construído pela Construtora Veronesi, responsável por outros espigões da época na cidade. E estou sem ufanismos aqui, é que considerando a época e o tamanho de Londrina, edifícios com 20 andares são espigões. Inclusive, era um grande questionamento do por que construir edifícios em uma cidade que ainda tinha muita área para crescer? Repare nas fotos que os prédios ficam concentrados ao redor da antiga Catedral e que há muita área vazia logo nas quadras ao redor.

Cada uma das torres possui um modo de ocupação diferenciado, guiando pela foto, temos a da esquerda com 6 unidades por andar, a do meio com 4 unidades por andar e, assim, a da direita com 2 unidades. No topo das 3 há passarelas interligando-as, servem para fuga no caso de incêndio em algumas das torres - foram implantadas anos depois por novas exigências do Corpo de Bombeiros do Paraná.

As lojas no térreo estão divididas em 2 pavimentos, embaixo era dedicado mais à gastronomia e em cima, às lojas. Hoje, o conjunto está prestando a serviços, como alfaiates, cabeleireiros, costureiras, etc. Os tempos áureos do Centro Comercial era o point da cidade. Sim, era o local em que os londrinenses se reuniam, como um shopping.

Algumas curiosidades... Na época, o lixo era incinerado no subsolo e havia uma chaminé que expelia a fumaça lá do alto das torres, mas hoje em dia isso é proibido. Assim, o Bar e Lanchonete Estoril, localizado no pavimento inferior do Centro Comercial (aquele com acesso pela r. Souza Naves), transformou a chaminé da incineração do lixo em chaminé de churrasqueira e o dono do bar diz que a churrasqueira dele tem a mais alta chaminé do mundo! O edifício não possui estacionamento suficiente para todas as unidades, na época isso não era uma exigência como é hoje, assim, boa parte dos carros fica ali na rua ou em estacionamentos vizinhos.

Centro Comercial é um projeto de 1953, foto de Yutaka Yasunaka
















Detalhe da fachada com a estrutura aparente e a Concha Acústica em frente, foto de Yutaka Yasunaka















Destaque das 3 torres na paisagem da época, Américo Sato também projetou o ed. Bosque, ao lado do Centro Comercial e o ed. Julio Fuganti, logo em frente na imagem, foto de Yutaka Yasunaka


Centro Comercial hoje em dia com poucas alterações, mas com precária manutenção nas pastilhas da fachada, foto do autor


















Colaborou Dafne Marques.

2 comentários:

pauloste39 disse...

Londrina é um caso a parte de extrema verticalização!
Pena que não há documentação/catalogação de todo o casario que cede lugar aos espigões!
Fica uma cidade orfã de memória.

Essa reportagem é excelente!

João Lorival Jacobowski disse...

Artigo excelente! Só faço uma ressalva ou adendo: O Edifício Centro Comercial foi terminado em 1962 ou 1963!