Sim, existe! Não é oficial, mas já está cada vez mais fortalecido na imagem e no cotidiano dos londrinenses que frequentam esta área.
Por quê "jardins"? É que em São Paulo, capital, existe uma região nas redondezas da av. Paulista que se chama Jardins por causa da união de vários outros bairros que começam com este nome, como Jardim Paulista, Jardim América, Jardim Europa... E é o centro da moda e do "glamour" paulistano! Pela novela "ti-ti-ti", da Rede Globo, vocês irão conferir algumas imagens desta área tão badalada da capital paulista (é lá onde fica a famosa r. Oscar Freire).
Em 2008, eu fiz o meu TFG (Trabalho Final de Graduação) da faculdade sobre comércio urbano e arquitetura comercial, e utilizei esta área como referência para a pesquisa. E onde é, afinal? É a região compreendida entre r. Belo Horizonte, r. Santos e r. Paranaguá, entre av. JK e av. Higienópolis. Essa área também é conhecida como "quadrilátero nobre" por alguns historiadores e teve a ocupação iniciada em meados da década de 40 e 50, com os casarões na av. Higienópolis - muitos dos quais ainda permanecem lá, como o do Banco Real Van Gogh e o do Itaú Personalité, mas muitos já foram demolidos, como o chalé onde hoje está construído o Banco do Brasil Estilo. Mas, os casarões não ficaram só na avenida e entraram nas ruas do bairro também e alguns ainda estão lá, como o casarão da Net e a recém-aberta pizzaria Famiglia Beffa, e muitos, infelizmente também, já não existem mais... Onde tem o Jardim Mall era um enorme casarão e onde a Plaenge está construindo o Ed. Contemporâneo idem...
Casarão da Net, apesar das demolições dos outros casarões, esses poucos remanescentes contam a história e são importantes para preservarmos a memória do bairro e de seus moradores, foto do autor
Aliás, essa é a característica desta área, verticalização! E isso fez com que surgisse uma alta densidade ali. Olhando a imagem pelo Google Earth, vemos uma grande mancha preta na região, que são as sombras dos edifícios. Muitos desses edifícios são de alto padrão, mas há também inúmeros outros para estudantes e solteiros, os chamados da linha "primeira moradia" (possuem acabamentos mais simples e planta baixa mais enxuta). Apesar desses, a região ainda possui o m² mais valorizado da cidade! O terreno vazio ali gira em torno dos R$1200/m², enquanto na Gleba Palhano (outra área de verticalização de alta renda na cidade) está em torno de R$500/m². Assim, essa alta densidade aliada com a alta renda concentrada fez com que surgissem outras atividades, como comércio e serviços.
Vista da r. Santos através da sacada de um dos prédios, a verticalização está presente em toda a região, foto do autor
A paisagem da área é configurada pelos prédios e vista por toda a cidade, aliás, responsável em grande parte pelo skyline de Londrina, foto do autor
O comércio e os serviços estão cada vez mais presente dentro do bairro, tanto em formatos isolados, como em conjuntos comerciais. Há mais ou menos 5 anos surgiu um empreendimento maior no meio do bairro, que é um conjunto comercial no térreo, o Jardim Mall, integrado com um edifício residencial em cima, o Studio D. O Jardim Mall conta com mais de 20 lojas e 1 supermercado, mas apesar de ter um edifício em cima, ele só foi melhorar o seu movimento recentemente com a mudança na administração dele. É que durante o meu TFG, eu analisei inúmeras falhas no projeto arquitetônico que contribuíram para a demora na ocupação. Hoje, eles estão melhores pois a Imobiliária Raul Fulgêncio alterou algumas modalidades de locação, concentrando serviços e trazendo marcas já CO-NHE-CI-DAS na cidade!
* Sim, isso mesmo! Não adianta trazer marcas de fora só porque fazem sucesso, logicamente, lá fora! Por exemplo, seguindo a linha de pesquisa do meu TFG, o Fran's Café faliu por erros no projeto arquitetônico do conjunto comercial e por não ser conhecido na cidade! Mas, principalmente, por erros na locação do estabelecimento, lááá no fundo! Eles pensaram que o conjunto comercial teria fluxo porque o Fran's iria atrair pessoas, mas isso é um equívoco muito comum em projetos de espaços comerciais, pois estabelecimentos de alimentação geram fluxo em horários pontuais do dia e as pessoas vão até eles com um objetivo determinado, ou seja, comer! E outra também... muitos empresários acham que essas franquias paulistas farão sucesso aqui também só porque fazem sucesso lá em SP, mas não é bem assim que funciona... Londrina possui um comércio local muito forte e a concorrência com os empresários locais muitas vezes torna-se incompatível. É que nem o caso da Delta Vídeo e a Blockbuster, que tentou abrir na cidade inúmeras vezes (antes das operações dela no Brasil serem compradas pelas Lojas Americanas). Não conseguem porque o custo para uma Blockbuster é alto (algo em torno de R$500 mil) e a Delta Vídeo possui um acervo infinitas vezes maior e uma clientela muito fiel.Jardim Mall, na r. Santos com r. Pio XII, boa intenção comercial, mas falhas no projeto arquitetônico atrasaram a ocupação do conjunto comercial, foto do autor
Entre o ano passado e este ano, abriram outro estabelecimento do porte do Jardim Mall, mas é diferente porque não possui uma loja âncora, como o Musamar (aliás, essa é a outra falha no projeto arquitetônico do Jardim Mall, a loja âncora está em um pavimento diferente, ou seja, as pessoas são realmente atraídas por ela, mas não passam pelas outras lojas...). A nova galeria comercial também possui mais de 20 lojas e há previsão para 1 restaurante e 1 academia, esse empreendimento é o Ritz, que fica onde era a Tok&Stok. Mas todos os erros cometidos pelo Jardim Mall repetiram-se ali e com outros agravantes (o que renderia outro post só pra isso, assim como, nem falei todas as falhas do Jardim Mall...).
* Conjunto Comercial são todos os edifícios que reúnem várias lojas, tanto internas, como voltadas para a rua. Galeria Comercial são os edifícios que reúnem várias lojas, tanto internas, como externas, mas que fazem uma ligação entre dois ou mais pontos. Shopping Center é todo empreendimento que reúne inúmeras lojas pequenas e grandes, que possua outros meios de lazer e alimentação integrados, estacionamento próprio e mais de 10 mil m² de área construída.Ritz, na r. Belo Horizonte com r. Pio XII, após a mudança da Tok&Stok, unificaram o barracão com as lojas no entorno, mas novas falhas no empreendimento atrapalham o sucesso da galeria comercial, foto do autor
Assim, a região consolida-se no imaginário popular como o "Jardins" londrinense, pois todas essas qualidades assemelham-se ao Jardins paulistano, tanto no padrão das edificações, como no modo de ocupação e na malha urbana, que também é muito parecida - ambas as regiões possuem um declive partindo da avenida principal (av. Paulista lá e av. Higienópolis aqui) e malha xadrez de implantação, que são as quadras no formato quadrado 100x100 metros. Aliás, a nossa av. Higienópolis também possui uma história muito parecida com a da av. Paulista... ambas tiveram sua ocupação inicial por casarões dos barões do café e depois tranformaram em centros bancários, a av. Paulista com as sedes de inúmeros bancos nacionais e internacionais, e a av. Higienópolis com as agências de quase todos os bancos do país, inclusive, os exclusivos - BB Estilo, Banco Real Van Gogh, Safra, Citibank, Itaú Personalité, Bradesco Prime, Bicbanco e havia também o BankBoston, mas as suas operações foram compradas pelo Itaú no Brasil inteiro. O único banco que não está na nossa avenida é o HSBC.
No meu TFG, projetei uma rua de comércio aliada com os edifícios residenciais e a história do bairro. Transformei a r. Santos em uma rua onde os moradores podiam passear com suas famílias e as pessoas da cidade visitassem e fizessem suas compras com mais conforto e qualidade. O projeto propiciaria também que os empresários da cidade tivessem outra opção para instalar seus estabelecimentos, chamei o projeto de "Passeio Santos". Projetei em cada esquina da r. Santos algumas pracinhas com conjuntos comerciais, valorizando o espaço público e aumentando a oportunidade dos comerciantes, chamei de "Pracinhas da Rua". Logo, estaria atendendo ao objetivo geral do trabalho, que era direcionar o crescimento do comércio na área ao organizá-lo em torno de uma rua projetada adequadamente com um desenho urbanístico e paisagístico, assim, não perdendo a valorização dos imóveis residenciais.
Imagem do projeto que eu fiz para a r. Santos, essa seria a entrada do "Passeio Santos" pela r. Pará com totens marcando o acesso, floreiras delimitariam as calçadas, que seriam mais largas aproximando os pedestres das vitrines com jardins emoldurando os edifícios, imagem do autor e de Rafael Herrera
Imagem mostrando o interior de uma das pracinhas que projetei para a r. Santos, conjuntos comerciais rodeando o espaço público voltado para as esquinas, ampliando o visual e qualificando a área ao melhorar o aspecto da região para os moradores, imagem do autor e de Rafael Herrera
Essas são as logomarcas que eu criei para a região, fiz também um ensaio de como seria o projeto em uma rua com declividade, como a r. Pio XII, as logos foram inspiradas no desenho que as calçadas e os jardins fariam ao longo do passeio, imagem do autor
3 comentários:
Parabéns Marcel, gostei ótima qualidade seu trabalho. Prático e objetivo. Virei fregues
Muito obrigado, Edson! Fico feliz pelo seu comentário. Espero q continue acompanhando o blog e leia os posts com novos assuntos! :-D
Boa Tarde Marcel,
Você mora no "Jardins Londrinense"?
Bom, idependente disso gostaria de conversar com você. Trabalho em uma iniciativa da FIEP-SESI que se chama Redes de Desenvolvimento Local, trabalhamos com a formação de redes de pessoas nos bairros para que elas pensem, façam o planejamento e atuem no desenvolvimento de seus bairros. O meu bairro de atuação é justamente esta área citada em seu TFG.
Neste momento estamos na fase de planejamento de ações para o bairro, portanto gostaria de convidá-lo para participar de uma das nossas reuniões, acredito que será muito proveitoso para o seu trabalho e para os moradores e empresários da região.
Entre em contato por gentileza!
Aguardo seu contato
Luciano
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