segunda-feira, 12 de julho de 2010

Flanelinhas loteando as ruas... e nós???

Acho que 12 em cada 10 pessoas na cidade já passaram pela experiência de ter um flanelinha "grudado" no seu carro. Conceituando um flanelinha, pode-se dizer que é um ser trabalhando para ganhar o seu dia a dia, loteando as vagas PÚ-BLI-CAS de estacionamento nas ruas de Londrina. Localizam-se ao redor de bares, boates e eventos noturnos ou diurnos.

Sim, é um loteamento! Eles se organizam (ou, pelo menos, tentam...) em quadras, onde cada um exerce domínio (não legalizado) por aquelas determinadas vagas. Há até relatos de pontos na cidade sendo vendidos por R$5-10 mil!!! Alguns usam coletes identificadores, como aqueles da garotada da Zona Azul, que é legalizada, uniformizada e recolhe fundos com valores previamente estipulados para um fim claro - cuidar dos menores carentes da cidade. Outros flanelinhas entregam uma espécie de "vale", um papelzinho com alguns dizeres religiosos e, ao final, pedindo uma contribuição para cuidar do seu carro (detalhe: nestes papéis eles estipulam um valor mínimo a ser pago e acham ruim quando você não dá este mínimo...).

Alguns vereadores desta gestão, da gestão passada e de outras gestões já tentaram legalizar o flanelinha, sendo uma espécie de Zona Azul noturna. Lógico que os projetos de lei empacaram, afinal, o flanelinha não é uma profissão reconhecida pela Previdência Social e a sociedade está cansada deste abuso. Há aqui outro conflito também... Por que legalizar esta "profissão"? Para controlar o número de vagas nas ruas à noite? A Zona Azul existe para tornar as vagas do Centro e de importantes vias da cidade mais rotativas nos horários comerciais. Ótimo! Não vejo problemas nisso. E à noite? Há necessidade de controlar as vagas a fim de torná-las mais rotativas? Confesso que em algumas regiões da cidade é difícil estacionar à noite, mas não é nada impossível.

Porém, a causa principal de legalizá-los deve ser meter a mão na grana que eles ganham! Um flanelinha que cobre R$2 por carro em um trecho de quadra, pode cobrar por 18 carros (que é o tanto de vagas que cabe por trecho de quadra, apenas de um lado), logo, ele ganha por rotatividade R$36. Quantas horas você permanece em um bar? 2-3 horas. Quantas horas dura a noite? Considerando que a partir das 19h00 eles já estão na rua e ficam até 5h00, para eles, dura 10 horas. Ou seja, sendo pessimista, eles ganham algo em torno de R$108 por noite. Os dias com maiores picos são quinta, sexta e sábado. Segunda, terça e quarta podemos colocar o "lucro" (tudo é lucrativo porque não pagam impostos e é espaço público) pela metade. Então, temos R$486 por semana. O mês tem 4 semanas, logo, temos algo em torno de R$2 mil... Isso quando aos domingos eles não vão parasitar igrejas, templos e eventos... porque daí a "contribuição social" sobe para R$5-10 e já vi até por R$15!

Flanelinha em Londrina, foto de Auber Silva















Há quem diga que os flanelinhas ajudam a manter a tranquilidade nas ruas, evitando assaltos em áreas sem movimento (ruas adjacentes aos locais movimentados). Porém, há quem diga também que os flanelinhas compactuam com os trombadinhas liberando os veículos que podem ser roubados ou que possuam algum bem de valor - isso quando eles mesmos não são os trombadinhas. E, convenhamos, a presença deles aumenta a insegurança das pessoas nas ruas ao constrangê-las a dar dinheiro a eles. Há quem diga que essa ação dos flanelinhas é crime de estelionato, previsto no Código Penal Brasileiro.

E se você não pagá-los? Muita gente dá alguma coisa porque acredita que o flanelinha vai riscar o seu carro, murchar o seu pneu, etc... Ah, lembrando que essa situação é quando o flanelinha pede ADIANTADO a "contribuição social"! Sim, eles têm a CARA-DE-PAU de pedir adiantado. Pergunta: e eles ficam até o final? #aham,cláudia

O blog agora irá pedir desculpas a todos os guar-da-do-res de carro de Londrina, que cumprem honrosamente o seu trabalho, mesmo que informal. Há histórias de guardadores de carro que permanecem em pontos fixos da cidade há anos e fazem o seu trabalho informal valer a pena, ajudando os motoristas a manobrarem, espantando criminosos, não exigindo contribuição antecipada e nem valor mínimo. Vale lembrar que essas pessoas não estão trabalhando, estão lá servindo as pessoas acreditando na caridade do ser humano e você dá o que achar conveniente, não é uma obrigação pagar pelo serviço, afinal, é um espaço público.

Essa é a diferença básica do que EU acho entre flanelinha e guardador de carro. Muitos desses guardadores de carro têm famílias e estão lá fazendo um bico para incrementar a renda familiar, ok! Porém, muitos flanelinhas estão lá para depois encher a cara no boteco ou comprar drogas. "Opa! Qual o problema no cara encher a cara numa pinguinha? Poxa, ele já tem uma vida difícil, deixa ele afogar as mágoas da vida!" - diziam alguns... Tudo bem, então, ele faz o que quiser com o dinheiro que ele ganha, mas eu não compactuo com o tráfico de drogas na minha cidade, sei o mal que ele representa para a nossa sociedade (mais de 90% dos homicídios em Londrina têm relação com o tráfico de drogas), e se for pra ajudar alguém, eu prefiro que a pessoa procure ajuda nos centros sociais da cidade do que no boteco do seo Zé! É de graça e resolve mais.

Agora, com a Guarda Municipal, espero que algumas coisas mudem em Londrina. Há um tempo na cidade de São Paulo, houve uma campanha informal e as pessoas passaram a denunciar os flanelinhas para o 190 e para GCM (Guarda Civil Metropolitana). O que aconteceu? Diminuiu consideravelmente a quantidade deles nas ruas. Mas, como a população afrouxou o cerco, eles voltaram a vários pontos da cidade. E depois dizem que o Brasil está em um milagre econômico...

Sei que o flanelinha é reflexo de uma sociedade que há anos possui uma desigualdade social enorme em nosso país, mas isso também é outro clichê que já tá virando desculpa pra tudo... Pôxa, vamos resolver isso logo de uma vez? Dizem que é algo que não muda de uma hora para outra, mas há 25 anos eu ouço isso! Se não começar algum dia, nunca vai mudar mesmo, NÉ?

7 comentários:

Londrinatur disse...

Olá, bom dia! Cadastramos o Janela Londrinense em nossa lista de blogs de Londrina >> http://www.londrinatur.com.br/blogs.php
Abs!

Marcel disse...

Opa! Legal! :-D

Christian Steagall-Condé disse...

Eu agora só ando aramdo, prá encontros fatídicos com nossos educadíssimos Flanelinhas locais.

E já chego disparando à queima-roupa, sem nem avisar.

O último, queimei semana passada, agora, ele ficou só uma lembrança.

Minha arma se chama LUMIX DMC-LZ8, de 12 Megapixels.

Nunca mais, VAGABUNDO nenhum desses, me perguntou sequer as "hora, aê, tío".

Chega de baderna prá cima de mim.

E quem dá o jabazinho "inocente" de treilão, financia a pobreza, preserva a burrice, alimenta a corrupção e impede que modernizemos a cidade, sem esses cancros sub-operacionais.

Marcel disse...

Interessante q eu postei esse tema às 7h19 da manhã e no ParanáTV 2ª edição de hj teve uma matéria q comentava sobre a ampliação da Zona Azul em Londrina para o Centro Cívico, assim, eliminando os flanelinhas de lá. Tá aí uma sugestão boa pra de dia, mas e à noite???

Confiram a reportagem do ParanáTV 2ª edição:

http://www.rpctv.com.br/coroados/video.phtml?Video_ID=91653&Programa=paranatv2edicao

Ronaldo disse...

Muito oportuna sua observação sobre a nova Guarda em relação aos flanelinhas. Tenho certeza q este novo serviço público está ao lado do bom cidadão e estudando soluções para eliminar esse mal. Oportuna tb a distinção feita entre bandidos, opss.., flanelinhas e guardadores de carros.

Marcel disse...

Sim, é muito importante diferenciarmos os oportunistas de plantão e as pessoas q realmente estão lá incrementando a renda familiar. Mas vejo q, mesmo assim, há outras maneiras dessas pessoas terem alguma ajuda do q ficarem mendigando nas ruas, pq querendo ou não é mendigar ficar a noite toda na rua olhando carros...

Anônimo disse...

Pretendo adotar a técnica de fotografar os flanelinhas q o Christian relatou a cima... Já pensei nisso várias vezes, mas confesso q falta coragem. Tenho receio de voltar até o carro depois do programa ou evento e dar de cara com o sujeito me aguardando com algum tipo de ameaça mais perigosa. Sou pessimista com relação a algum tipo de medida por parte da prefeitura de proibir a ação desses indivíduos e infelizmente somos obrigados a pensar em como nos defender por conta própria.