A retirada dos quiosques do Centro da cidade está virando uma polêmica desde o começo do ano, mais recentemente que a Prefeitura, através da CMTU, iniciou os trabalhos de desmontagem e demolição com mais afinco. Há muita gente contra e muita gente a favor, assim, vamos começar a partir disso, com os argumentos de cada um dos lados:
Os contras a retirada:
- está tirando o trabalho de muita gente, acredita-se que há uma média de 3 empregos por quiosque e mais de 40 previstos para saírem;
- está acabando com os serviços convenientes próximos, como bancas de revistas e lanchonetes - as distribuidoras de revistas na cidade já disseram que houve uma queda de 20% na venda de publicações na cidade;
- os comerciantes dos quiosques foram notificados há pouco tempo, não tiveram condições físicas e legais de arranjar outro espaço para continuarem suas atividades;
- os comerciantes dos quiosques trabalham há anos naqueles pontos, alguns há 40 anos, porém isso ainda não é justificativa suficiente porque não se pode dar entrada no usucapião em imóveis públicos e alugados.
Retirada de quiosque no Calçadão, ampliação do visual para a praça Willie Davids, comerciante conseguiu mudar-se a tempo e colocou um aviso no lugar do seu antigo quiosque
Agora, os prós a retirada:
- a maioria deles estava irregular, tanto na forma da locação, como na estrutura física com aumentos e modificações do projeto original, como no caso do Calçadão, que foi projetado pelo Arquiteto e Urbanista Jaime Lerner (ver post "Calçadão... saudade ou progresso?");
- a alteração de projeto e o crescimento das atividades fez com que virasse uma bagunça o ordenamento de alguns, havia quiosques que expandiam seu território "virtualmente" colocando mesas e cadeiras fora da área permitida, além de marquises, coberturas e outros acessórios;
- o ordenamento também estava comprometido com a instalação de novos quiosques fora do projeto original do Calçadão e em outras áreas do Centro, como não havia uma regularização mais rígida e um padrão oficial, novos quiosques surgiam sem um projeto adequado;
- a maioria deles atrapalham o caminho, estavam no meio de calçadas e praças;
- a maioria deles também atrapalhavam a visibilidade de pedestres e motoristas, tanto para os monumentos da cidade, como para as ruas e calçadas por questões de segurança;
- as pessoas estão acreditando que vai melhorar com os novos modelos padronizados e as novas locações.
Retirada de quiosque ao lado do Bosque (onde tem uma mancha de areia no piso) fez com que ampliasse a perspectiva para a Catedral, benefício para o desenho urbano da cidade
Assim, a maioria dos quiosques do Centro estava irregular, encontravam-se degradados - sem os cuidados devidos - e, em boa parte dos casos, desrespeitando os limites de construção. Tudo bem, então, a Prefeitura poderia ter dado prazo pra eles se adequarem a um novo padrão estabelecido previamente pelo IPPUL (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), por exemplo. Mas isso não seria suficiente para a remodelação dos quiosques no Centro de Londrina, a Prefeitura partiu do seguinte princípio: se vai ter que mudar, então, vai tratar todos por igual, assim, retiram-se todos agora e depois no futuro vamos abrir os novos espaços com uma regra e um padrão de projeto igual para todos.
Porém, tem uma coisa estranha aqui... A Prefeitura possui 1 peso e 2 medidas... Como assim? Na implantação da Lei Cidade Limpa em São Paulo, capital, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) pensou do mesmo jeito também, assim, proibiu toda e qualquer publicidade para depois regulamentar áreas - o que ainda não ocorreu, mas é o que estava previsto na Lei paulistana. Aqui, a Lei Cidade Limpa londrinense (ver post "Lei Cidade Limpa... sim ou não?") do prefeito Barbosa Neto (PDT) permitiu que os outdoors continuassem fora do Centro, seguindo novas regras e tals, mas foi conveniente com os empresários do setor. Ou seja, e por quê com os quiosques têm que tirar todos pra depois locá-los de novo???
Porém, a polêmica aumentou semana passada com uma declaração do presidente da ACIL (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Nivaldo Benvenho. A ACIL posicionou-se completamente contra a volta dos quiosques, diz que há anos tenta removê-los por considerar concorrência desleal por possuírem subsídios, como aluguel mais barato, além de que atrapalhavam a visibilidade de alguns comércios em edifícios. Disse também que não é papel do Poder Público envolver-se nisso, afinal, estamos falando de comerciantes, logo, é atividade privada. A Prefeitura não ganha percentual de vendas dos quiosques, apenas aluguel bem barato (comparado com o valor do m² do Centro, é barato mesmo).
Retirada de quiosque ao lado do Bosque, movimento de recuperação do Centro já começou: reforma do Calçadão, recuperação da Casa da Criança, reformulação dos quiosques, retirada das grades do Bosque...
Acredito que seja possível uma conciliação entre a ACIL, Prefeitura e comerciantes, mas depende muito de onde seriam instalados. A maioria deles estava impedindo a visão de monumentos importantes da cidade, como a própria Catedral Metropolitana. Quiosques em urbanismo - projeto urbano - são interpretados como polarizadores, ou seja, espaços em que concentrariam pessoas em áreas sem atrativos, seriam instalados para gerar fluxo e movimento, mesmo que sazonal, potencializando determinadas áreas. A questão é: o Calçadão e praças do Centro precisam disso ainda? Já não há movimento suficiente?
Há outras questões também que ficam no ar:
- Como será feita a escolha dos locais para os novos quiosques no Centro da cidade?
- Como será feita a licitação para os novos proprietários?
- Como será o padrão dos novos quiosques?
Acredito que se a Prefeitura já começou a remover os quiosques, ela já deva ter tudo isso planejado, certo? Ou não...??? Afinal, nenhum meio jornalístico soube informar isso adequadamente e nem a Prefeitura pronunciou-se a respeito...
Fotos do autor.
Fotos do autor.
2 comentários:
Eu sou a favor da desocupaçao ilegal que se mantinha no calçadao. A cidade está ficando com outra cara. Creio que o Poder Público possa ajudar esses trabalhadores como forma de assistencia, mas nao deve abrir máo de deixar o passeio livre para o público.
Parabéns Londrina, e órgaos controladores, isso mesmo, cidade limpa, o centro de Londrina é uma vergonha,os quiosques uma falta de limpeza tremenda, sem contar a aglomeraçao de pessoas devido a esses estabelecimentos, creio que todos devem e tem o direito de ter seu próprio negócio, desde que seja de forma civilizada, cumprindo normas e pagando os impostos como todosos demais estabelecimentos, e quanto a Vigilância Sanitária, deveria estar abordando mais e controlando mais, dá nojo em comer e beber em certos estabelecimentos.
Enfim Parabéns que continuem fazendo este trabalho que só tem a acrescentar a Londrina.
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