Conforme eu já havia publicado no post "Mudança no trânsito do 'Jardins'...", a CMTU (Cia. Municipal de Trânsito e Urbanização) fez alterações nas ruas Santos, Paranaguá e Belo Horizonte, eliminando quase 450 vagas de estacionamento em prol de dar mais vazão ao tráfego nessas vias, pois alargou as faixas de rodagem dos veículos.
A região que compreende as ruas citadas acima possui o apelido "Jardins" por conta do bairro paulistano, que possui características semelhantes. Mas, obviamente, em uma escala coerente com os padrões pés-vermelhos... Pelo post "'Jardins' de Londrina..." é possível entenderem melhor essa área no Centro de Londrina tão valorizada e densa, afinal, mais da metade dos prédios da cidade estão ali!
Por isso, o Engenheiro Civil Cláudio Espiga escreveu uma carta para a Folha de Londrina criticando também esta "iniciativa" da Prefeitura, através da CMTU. Empresário e morador da região, Cláudio só vê desvantagens e as descreve no texto abaixo, confira:
Velocidade degrada e pode matar!
Sou morador de uma região essencialmente residencial (Higienópolis, Fernando de Noronha, JK, Alagoas) com população em torno de 40 mil habitantes, maior que 300 municípios do Paraná. Temos lojas de roupas de alto padrão, academias de ginásticas, igrejas e templos; butiques de pães e salgados, etc.
Contribuímos anualmente com muito impostos (IPTU cerca de R$ 10 milhões; iluminação perto dos R$ 500 mil) e taxas, mas o retorno é muito pequeno. Há algum tempo convivemos com velocidade e insegurança no trânsito nas ruas transversais como Pará, Goiás, Piauí. Mas em vez de melhorar, no final de 2010, sem nos consultar a Prefeitura/CMTU nos surpreendeu com uma mudança no sistema viário: acabou com aproximadamente 400 vagas de estacionamento e passou a cobrar as que sobraram. O pior é que deu mais velocidade nas ruas Paranaguá, Santos e Belo Horizonte. Deu velocidade, mas não deu fluxo. Pois os carros têm que parar em todas as esquinas! Não houve por parte dos órgãos municipais nenhuma justificativa coerente que mostrasse que isto está dentro de um projeto maior.
Fomos à CMTU cobrar explicações, saímos achando que não planejaram nada. Estamos tentando falar com o prefeito Barbosa Neto desde setembro, mas até agora não tivemos resposta. Parece que uma das maiores concentrações populacionais de Londrina não é importante para eles.
A velocidade do trânsito degrada uma região! Veja a Duque de Caxias como ficou! Nossa região tem um projeto de humanização das ruas e calçadas. Com enfoque no direito de caminhar a pé! Calçadas mais largas, rampas, faixa de segurança, redutores de velocidade, guaritas. Um grande jardim para passearmos, para vivermos com segurança.
Não queremos nada absurdo! Já existe algo semelhante nas ruas Santiago, Assunção e Madre Leônia. Ali foram instalados redutores de velocidade, faixas de segurança e guaritas.
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Ou seja, mais uma vez, a Prefeitura está tomando decisões arbitrariamente, sem consultar os principais envolvidos - moradores e empresários daquela região... assim, reforço a minha crítica a este projeto de intervenção no trânsito desta área - r. Santos, r. Paranaguá e r. Belo Horizonte: adiantou nada eliminar mais de 400 vagas de estacionamento, pois não há fluxo de veículos que justificasse tal ato... foi feito totalmente sem levar em consideração quantos carros passam por ali diariamente.
Apenas no horário das 17h30 às 18h30 que fica crítico e em alguns cruzamentos isolados, como o da r. Pará com a r. Santos. E das 13h00 às 14h00, apenas no cruzamento da r. Belo Horizonte com r. Goiás, que é fácil de resolver apenas regulando o semáforo da r. Goiás X av. JK com o da r. Goiás X av. Higienópolis.
A maior parte do dia, as ruas ficam extremamente ociosas e as vagas de estacionamento lotadas, que já eram deficientes antes... Esquecem que por ser a maior densidade populacional da cidade, é quase um absurdo aumentar o fluxo de veículos ali, além de aumentar a velocidade deles também! Resumindo... há um trânsito de veículos por conta dos inúmeros moradores, mais as outras pessoas que vão até lá por causa do comércio e dos serviços existentes na região, agora querem trazer mais veículos para desafogar as avenidas JK e Higienópolis???
Enfim... esperamos mais bom senso com o patrimônio público, ou melhor, respeito com o espaço urbano! Uma intervenção dessa natureza devia ser comunicada previamente e justificada com inúmeros estudos, afinal, possuíamos um instituto de PES-QUI-SA e planejamento urbano, vulgo, o IPPUL, né??? #FAIL
4 comentários:
Muito bom! Também sou moradora da região e concordo com o que foi dito no texto.
Sou morador da região (Belo Horizonte entre Piauí e Pará) e aprovo MUITO o que a Prefeitura fez. Apesar de também acreditar que um estudo poderia ter sido realizado antes de ser implementado este novo modelo, como dito no texto, neste quadrilátero existem inúmeras escolas de linguas, comércio, etc, e o que mais ocorria (e ainda ocorre na verdade) era motorista parar em fila dupla (a rua Santos fica intransitável na altura da Cultura Inglesa). Com o alargamento da via, o trânsito não trava, flui de forma lenta, mas flui.
No tocante a velocidade, há outras formas de remediar isso.
Roberto Junior,
Entendo o seu questionamento, porém não podemos justificar um erro com outro... o motorista q pára em fila dupla já está errado e a Prefeitura alargar a via, eliminando mais de 400 vagas por causa disso é tampar o Sol com a peneira, a meu ver...
Acredito q há jeitos diferentes de controlar a velocidade, mas no caso desta região o melhor jeito ainda é manter o estreitamento das faixas de rodagem de volta aos 2,5m de largura (agora está com 3,5m).
No projeto q fiz para a r. Santos, eu ainda prôpus reduzir o raio das esquinas, forçando o motorista q está nas transversais (r. Goiás, r. Pará, r. Piauí, r. Pio XII, etc...) a diminuir a velocidade para entrar nas ruas do bairro.
A instalação de semáforos nos cruzamentos configura uma nova tipologia na área e pode degradar e desvalorizar os imóveis. O comércio ganha muito com isso, mas infelizmente os moradores perdem com essa solução pq aumentaria em muito o tráfego de veículos, consequentemente, a poluição sonora e do ar...
Lógico, não podemos congelar uma parte do Centro para sempre, mas podemos preservar a sua habitabilidade e a valorização imobiliária, trazendo não só benefícios financeiros, mas qualidade de vida aos habitantes do "Jardins".
É, enquanto não há conscientização daqueles que vão buscar/deixar seus filhos nestes estabelecimentos e tampouco fiscalização do poder público, do jeito que está, ao meu ver, era melhor do que era.
Agora, se tudo funcionasse como deveria funcionar, concordo plenamente com a sua opinião, pena que a realidade é outra.
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