Todos, ou quase todos, já devem saber do BA-FÃO causado na semana passada entre o Consemma (Conselho Municipal de Meio Ambiente de Londrina) e a Prefeitura, através do prefeito Barbosa Neto (PDT) e do secretário de meio ambiente José Faraco.
O "barraco" foi durante reunião do Conselho na sede da Sema (Secretaria de Meio Ambiente), que fica dentro do Parque Arthur Thomas, e tratou de acusações do atual secretário de meio ambiente contra quase todos os conselheiros. Afinal, o quê aconteceu de fato?
O Consemma havia questionado a licitação da coleta de lixo na cidade e sobre como estava sendo administrado a CTR (Central de Tratamento de Resíduos), vulgo, o aterro sanitário controlado de Londrina (ver post "Algo não está cheirando bem!"). Tais questionamentos foram por causa do valor dessa licitação ser algo beirando os R$115 milhões e outros detalhes técnicos incoerentes, que apontariam improbidade administrativa!!! Além do fato de quê a CTR está quase no limite, sendo que não possui nem 1 ano em operação!!!
Tanto o prefeito, como o secretário não gostaram das acusações e dispararam contra os conselheiros diversas ofensas pessoais e inúmeras acusações de tráfico de influência pois alguns de seus membros possuem empresas na área ambiental. Algumas muito conhecidas da cidade, como a Master Ambiental e a Kurica. Sobrou até para uma ONG, representada pelo ex-secretário de meio ambiente, o Advogado Carlos Levy.
Assim, a ONG MAE (Meio Ambiente Equilibrado) publicou uma nota defendendo todos os conselheiros e explicando tudo o quê aconteceu naquela reunião. Obviamente, mostrando apenas o lado do Consemma, porém é difícil tomarmos partido neste caso, logo, tentarei não ser tendencioso...
O prefeito Barbosa Neto prometeu durante esta semana apresentar provas de suas acusações contra o Conselho, no qual ele auto intitulou como a "Máfia do Lixo". Já o secretário de meio ambiente José Faraco diz que protocolou junto ao Ministério Público inúmeras fotos e outras informações que comprovariam a participação de conselheiros em esquemas particulares. Assim como, também acusa o ex-secretário de meio ambiente Carlos Levy de ter atuado em benefício próprio durante a sua administração frente à secretaria no início deste mesmo governo, além de ofender inúmeros membros do Consemma, como o tradicional defensor do meio ambiente de Londrina, o ambientalista João das Águas.
Os conselheiros auto intitularam o caso de "Faracogate", fazendo uma clara referência histórica ao escândalo de corrupção americano que envolveu o ex-presidente dos EUA, Richard Nixon, resultando em sua renúncia, o Watergate. Tal apelido foi dado, pois o Conselho acredita que o atual secretário de meio ambiente e o prefeito estejam envolvidos em algum esquema de corrupção com a licitação milionária do lixo na cidade e, por isso, teriam ficado tão nervosos e feito acusações disparadas contra o Consemma, que estaria atrapalhando os seus "planos".
Verdade ou mentira??? Não podemos afirmar nada ainda, mas estamos aguardando ainda como que o prefeito irá cumprir a promessa que confirmará as suas acusações sobre a "Máfia do Lixo". Assim como, o também apelidado "Faracogate" já consultou o Ministério Público e afirma a existência de irregularidades na licitação do lixo, mas precisa de mais provas para confirmar a sua veracidade... Então, está tudo apenas no gogó, nada no papel...
Mas, algumas questões ficam no ar...
Por quê o Poder Público iniciou a troca de ofensas? Só porque o Consemma questionou algumas coisas referentes a administração pública?? Ou porque possui algo a esconder e está tentando desviar o foco da discussão principal tentando desmoralizar os conselheiros??? E quais seriam os interesses do Consemma em desqualificar a Prefeitura? Enfim, né...? Apenas meras especulações até o momento, pois esta história ainda irá render muitos processos de ambos os lados da trama...
"Não quero luxo, nem lixo... quero saúde pra gozar no final..." - Rita Lee foi sábia nas palavras que marcam os reais anseios dos londrinenses sobre o tema em questão.
Um comentário:
Londrina - Na página da ONG MAE, em www.ongmae.org.br, veja também as reações provocadas pelos ataques do governo municipal aos ambientalistas e pessoas que trabalham pelo ambiente da cidade.
Nota oficial da Ong MAE:
"Governos passam, cidadãos ficam"
Londrina, 18 março 2011
Leia nota oficial da Ong MAE sobre as declarações do prefeito Barbosa Neto em 17/3, Na oportunidade, referendou toda a lamentável apresentação feita pelo (ex) secretário José Faraco na quarta-feira no Conselho Municipal do Meio Ambiente (Consemma). Após mais uma semana sob ameaças infundadas, o prefeito Barbosa Neto continua a dizer que apresentará provas. Diante disso, temos a dizer, pois:
1 Quanto à conduta permanente da Ong MAE e seus membros diante de Londrina, a entidade reitera a ética diária com que atua nos últimos 10 anos, desde a fundação. Reafirma que processará, naturalmente, aqueles que difamam seus integrantes e, com isso, colocam em risco a integridade da organização não-governamental;
2 A Ong MAE não se abala e sequer estranha ser questionada publicamente, posto que tudo o que faz e planeja é sempre público e assim continuará. Postura muito diferente da atual administração, que não aceita ser questionada sobre nenhum assunto, seja a licitação milionária do lixo, de R$ 115 milhões, ou mesmo sobre os fatos mais corriqueiros da gestão de uma cidade importante, felizmente dotada de massa crítica, como Londrina;
3 As reuniões da Ong MAE são sempre abertas. São realizadas no mínimo três vezes por semana: segundas-feiras à noite, terças-feiras à tarde, quintas-feiras pela manhã (horários no site). Qualquer pessoa pode freqüentá-la e pleitear associação, obedecendo os requisitos descritos no nosso Estatuto;
4 Qualquer cidadão pode requerer informações oficialmente por escrito ou mesmo verbalmente. É nosso dever delas dispor de maneira democrática, livre e aberta, dentro das possibilidades de tempo razoável para resposta;
5 A Ong MAE sempre necessita de voluntários e profissionais para suas atividades. Consideramos a participação e dedicação fundamentais para resolver questões que afetam Londrina, fatores que a atual administração municipal ignora e reage contra, deixando de formular políticas públicas importantes com o apoio das pessoas que mais se interessam e entendem sobre o tema ambiental local;
6 A Ong MAE repele a enxurrada de insinuações da equipe do prefeito e do próprio, principalmente diante do fato, já declarado em entrevistas, de que apenas a partir de agora a gestão municipal começa a amealhar e buscar supostas provas do que secretário e prefeito afirmam publicamente nos bastidores há meses;
7 Qualquer comportamento de agentes políticos e funcionários públicos - comissionados ou de carreira - que signifique o uso de cargos e estrutura municipais para perseguir, denegrir a Ong MAE ou frustrar ações sabidamente favoráveis ao meio ambiente de Londrina será naturalmente investigado, denunciado, rechaçado e levado para apuração por prática de improbidade administrativa;
8 Tudo o que a Ong MAE neste momento pode fazer é dispor de telefones, e-mails, contatos e o que mais for necessário para que todos se sintam esclarecidos - cidadãos ou autoridades - sobre as atividades e forma de atuação da nossa organização não-governamental.
9 Somos um grupo livre de cidadãos e profissionais de Londrina acostumados a ralar muito pela cidade. Sem embargo, guardamos a exata noção de que governos passam e são os cidadãos que permanecem;
10 Para que o Meio Ambiente seja Equilibrado é fundamental que as pessoas também o sejam. Sobretudo e principalmente se forem nossos governantes.
Sem mais,
A diretoria
ONG Meio Ambiente Equilibrado (MAE)
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