Conforme já publiquei no post "Restauração da Casa da Criança...", o prédio que abrigava a Casa da Criança - uma espécie de creche municipal - e que funcionava a Secretaria de Cultura até pouco tempo atrás, está em processo de restauração.
Naquela ocasião, eu comentava sobre o início das obras de restauro - dia 2 de agosto - e algumas curiosidades da edificação. Ontem, quando ía comer uma famosa e tradicional feijoada da cidade ali no Centro Comercial (ver post "Você sabia? (Centro Comercial)"), eu pude tirar algumas fotos do prédio e aproveito este post para publicá-las:
Retirada das telhas de fibrocimento e demolição do pavimento anexo ao volume lateral já mudaram radicalmente a estética do prédio, foto do autor
Parede sinuosa do solário está sendo refeita para voltar ao projeto original, foto do autor
Imagem da internet mostra como estava o edifício com as alterações, que desconfiguraram completamente a volumetria, foto de autor desconhecido
O projeto original da Casa da Criança é de autoria dos Arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, que também desenvolveram outros na cidade, como a antiga rodoviária (atual Museu de Arte), o Teatro Ouro Verde (ver post "Você sabia? (Teatro Ouro Verde)"), o ed. Autolon e a Residência Milton Menezes, que fica ali na r. Hugo Cabral, em frente ao Grupo Escolar Hugo Simas.
Inaugurada em 1954, o edifício trouxe traços claramente corbusianos para a cidade, que estava no auge do seu crescimento com os edifícios modernistas dominando a paisagem e ditando como a cidade cresceria verticalmente a partir daquela década, principalmente, com os edifícios no entorno da Praça 1º de Maio - ed. Júlio Fuganti, ed. Bosque, Centro Comercial, etc...
O termo corbusiano vem do Arquiteto Le Corbusier, que era suíço radicado na França e é um dos pais do movimento moderno na Arquitetura, inspirando toda uma geração no mundo inteiro. Vilanova Artigas certamente foi um dos que utilizou os conceitos de Corbusier ao projetar suas obras. Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, entre outros, idem.
Tenho algumas preocupações quanto a essa restauração da Casa da Criança, como sobre os aspectos técnicos referentes à recuperação das pastilhas de vidro nas fachadas e nos pilotis... assim como, o piso interno e as esquadrias metálicas. Acredito que o mural de azulejos representando Londrina no passado e na década de 90, com o brasão do município ao centro, permanecerá ali. Mas por quê? - indagariam alguns... Vejo que aquele mural faz parte do edifício agora, acrescentando positivamente à volumetria, ao contrário das outras intervenções que apenas degradaram e desconfiguraram o projeto.
Mas, detalhes técnicos à parte, é extremamente positiva essa restauração e deve ser levada para inúmeros outros edifícios da cidade, tanto de valor histórico ou cultural. Há em andamento um projeto de restauração para o Museu de Arte, a antiga rodoviária que já citei nesse texto - seria o segundo restauro dessa obra, o primeiro foi antes de transformarem em museu...
Londrina possui pouca tradição em recuperar o passado de uma forma em que transforme positivamente o edifício para que a sua restauração não se perca no tempo... Por exemplo, só consigo lembrar o Museu Histórico, a antiga ferroviária (ver post "Você sabia? (Museu Histórico)"), e mais timidamente a Praça Mal. Floriano Peixoto (ver post "Você sabia? (Praça Mal. Floriano Peixoto)") e a Concha Acústica.
Londrina possui pouca tradição em recuperar o passado de uma forma em que transforme positivamente o edifício para que a sua restauração não se perca no tempo... Por exemplo, só consigo lembrar o Museu Histórico, a antiga ferroviária (ver post "Você sabia? (Museu Histórico)"), e mais timidamente a Praça Mal. Floriano Peixoto (ver post "Você sabia? (Praça Mal. Floriano Peixoto)") e a Concha Acústica.
Teve também a infeliz intervenção do Calçadão que em nada preservou a história (ver post "Calçadão... saudades ou progresso?")!!! Muito pelo contrário, destruiu tudo passando o rolo compressor por cima e concretando para nunca mais ressurgir... Dramático, né? Mas é a pura verdade... Por mais positivo que seja o restauro da Casa da Criança, o erro no Calçadão é injustificável... Londrina está prestes a completar 76 anos e ainda nem foi votado o texto que criará a Lei do Patrimônio Histórico, importante instrumento municipal para preservarmos a nossa história e cultura. #fail
3 comentários:
Marcel,
acabei de conhecer o seu blog e preciso parabeniza-lo pelo excelente trabalho desenvolvido aqui neste espaço!
Sou londrinense nato e hoje quando ando pela cidade sinto falta de muitas coisas que tinham na paisagem urbana e que fizeram parte de minha infância.
Infelizmente, como você mesmo colocou no texto, Londrina não tem tradição na preservação de sua história - vida e casa dos gnomos, por exemplo. Aqui o "em nome do progresso" tem mais valor que a história local e que a memória das pessoas.
Um outro problema sério é que não se ouve falar sobre estes tais concursos para a escolha do escritório que fará o projeto. Só tomamos conhecimento quando a coisa toda já foi "amarrada".
A nova iluminação das praças é um exemplo disso. Trabalho com iluminação e nunca vi qualquer notícia chamando para concursos. Tudo é feito pela prefeitura e seus "técnicos" que emporcalham a cidade com seus projetos toscos e sem noção.
Um exemplo excelente é aquele lixo que estão fazendo no entroncamento da PR com a Av Harry Prochet. Por sinal, como Londrina tem tradição em fazer rotatórias sinuosas e colocar viadutos onde não precisa não é mesmo?
O viaduto da Unopar é um elefante branco desnecessário uma vez que bastavam alterações no da Madre Leônia que o transito seria resolvido sem a necessidade da construção do outro. Os cruzamento da 10 de dezembro com a PR ou ate mesmo o entroncamento da PR com a Harry precisam muito mais de um viaduto que aquela região do shopping.
Aliás, viaduto não! PONTILHÃO é o que foi construído.
Bom, mas vamos em frente. Um dia creio que Londrina terá uma administração competente e que pense realmente na e a cidade de forma coerente.
abs
Muito obrigado pelo comentário, Paulo!
Realmente, a cidade precisa ter um planejamento urbano mais abrangente, até hj só foi pensando em Lei de Zoneamento e apenas no Plano Diretor previsto para ser aprovado neste ano q vemos outras questões sendo tratadas, como Patrimônio Histórico e Código Ambiental.
Muitas prioridades estão sendo deixadas de lado por pura pirotecnia de alguns políticos, q para se promoverem realizam obras onerosas e desnecessárias para o atual momento...
Gostei muito do seu Blog.
Quando estudante de Arquitetura da UEL, idealizei o Projeto Memoria Londrinense e juntamente com outros alunos da nossa turma realizamos a restauracao do Antigo Mural da Camara, que hoje esta no Campus da UEL....esse trabalho abriu aporta para a questao do patrimonio historico arquitetonico em Londrina, que e bastante significativo em se tratando do movimento mkoderno...quanto a este predio especifico do Artigas, a Casa da Crianca...fui contra a instalacao deste mural que comemorava o 50 anos da cidade...poderia ser instalado em mil diferentes lufgares na cidade sem agredir esta obra como o faz. Acho interessante retratar uma epoca da cidade atravez de uma intervencao artistica como esta, mas, nao sobrepondo uma obra de arte genial da arquitetura brasileira como e este edificio.
Sebastiao Bonato - New York - USA
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