quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Denúncia! Assoreamento do Lago Igapó!

Em 1996, na gestão do ex-prefeito Cheida (PMDB hoje e PT antes), esvaziaram o Lago Igapó I para limpeza e fazer as contenções de concreto nas margens, além de outras benfeitorias como o Teatro do Lago, a ciclovia, a casa do Papai Noel, etc... Em 2001, na gestão do ex-prefeito Nedson (PT), esvaziaram o Lago Igapó II para reformas na ponte da av. Higienópolis, além de criarem a pista de caminhada, as estações de ginástica e a nova barragem com a cascata... ficou uns 2 anos vazio e chegou até a queimar em um dos meses de agosto, pois virou um matagal aquilo lá... #fail
Conforme já comentei no post "Lagos e ciclovias... trapalhadas e descasos!", o Lago I é aquele que o Iate Clube faz margem e vai até a barragem; o Lago II é o que fica entre a av. Higienópolis e av. Maringá/av. Ayrton Senna; o Lago III é o que vai do aterro do Lago II até a ponte da av. Castelo Branco; e o Lago IV é o que vai dessa ponte até o início da UEL.
Apesar de muitas controvérsias, o nosso lago não possui poluição por esgoto! Havia uma época algumas ligações clandestinas feitas nas galerias pluviais, que colhem a água da chuva nas ruas, mas já foram estancadas. Assim, em 1996, quando foi esvaziado o Lago I, apenas encontraram muita sujeira, como pneus, plásticos, etc... não era visível o assoreamento e ainda tinha bastante profundidade, perto da barragem chega a 6m e mais próximo da av. Higienópolis tem de 3 a 4m... em 2001, quando foi esvaziado o Lago II, ficou óbvio o assoreamento... esse trecho do Igapó tinha de 1 a 2m no máximo!!!

Alguns técnicos disseram que quando foi represado o Lago Igapó, havia um erro de nível ali e era "normal" que o Lago II tivesse pouca profundidade, tanto que o aterro foi feito justamente porque ali era mais raso ainda e criou várias poças que só juntavam mosquitos... Porém, 9 anos depois e a situação só piorou... partes do Lago II têm apenas 20cm de espelho d'água!!! Surgiram em alguns pontos alguns "bancos de terra", ou pequenas ilhas!!!

"Bancos de terra" surgindo ao longo do espelho d'água...














Culpados? Vixi... a lista é longa e é difícil punir alguém, como o prefeito Barbosa Neto (PDT) quis fazer no Jardim Versalhes, aquele perto da UEL que quando chove inunda a av. Castelo Branco de barro porque os proprietários dos terrenos não fazem as contenções para evitar que a terra desça com as chuvas... O problema ali nem é só a sujeira na pista e nos carros, ou a derrapagem de motos, mas que toda essa lama vai para a galeria pluvial e depois cai aonde??? No Ribeirão Cambé, que é o Lago Igapó!!!

Temos também outra questão importantíssima... o Jardim Versalhes é um dos problemas, mas ele ainda nem começou direito a ocupação, o Jardim Universitário já está mais consolidado, que é aquele ao lado direito para quem está subindo a av. Faria Lima rumo à UEL. Ambos podem ser parcialmente responsáveis pelo assoreamento, tanto do Lago III, como do Lago IV, que margeiam esses bairros! Então, mas por quê o Lago II está tão assoreado??? Será que a terra dos bairros citados chega até ele? Eu acho que uma pequena porcentagem chega, mas muito pouca já que precisam atravessar tooodo o aterro até chegar ao espelho d'água... Então, quais as apostas??? O quê aconteceu em 9 anos ali que agravou esse quadro tão rapidamente? Isso tem um nome... ou melhor, dois nomes! GLEBA PALHANO!!!

Lago Igapó II com a água marrom após a chuva de terça-feira... a movimentação de terra ocasionada pelas águas faz esse efeito, ou seja, muita terra chegou ao lago ou está próxima da superfície...









Na realidade, não é culpa da Palhano em si, mas da ocupação descontrolada que fizeram ali a partir de 2000... criando inúmeros condomínios verticais com zuzentos apartamentos por lotes, ou seja, MUITA gente morando! Complementando, muita gente CLASSE MÉDIA e MÉDIA ALTA! Looogo, MUITOS carros! Assim, MUUUITOS subsolos... portanto, MUUUITA terra foi removida ou alterada! Sem falar no solo impermeável criado, como os pátios dos prédios, as calçadas, as ruas, etc... Tudo isso somado serviu para criar uma correnteza de terra para as galerias pluviais e contribuíram "enormemente" para o assoreamento precoce do Lago II... Vale lembrar que, o interessante aqui é que é possível medirmos isso por causa do esvaziamento feito em 2001.

MAS, não é culpa só da Palhano ou do Versalhes, esses bairros apenas aceleraram o processo... a culpa é da cidade inteira que não tem um sistema que possa evitar o assoreamento dos lagos e dos córregos da cidade! Toda a água da chuva cai na galeria pluvial e vai totalmente in natura para os córregos dos mais de 50 fundos de vale dentro do perímetro urbano, levando tudo que encontra pela frente!

Houve uma época na gestão do ex-prefeito Nedson (PT), um projeto chamado "O rio da minha rua", na qual apontava qual fundo de vale ía parar a água que corria no meio-fio (ou sarjeta, ou guia... não importa o regionalismo) daquela determinada rua, assim, conscientizando que a sujeira que está ali vai parar em um bueiro (ou boca-de-lobo), que vai para uma galeria pluvial e desemboca em um rio, riacho, córrego... Assim, as pessoas teriam mais consciência e a Prefeitura teria mais condições de identificar um problema ou um desastre ambiental.

Sujeira trazida pelas galerias pluviais acumula pelos pontos por onde a água não flui diretamente...












Mas por quê falei tanto do Igapó? O nosso querido cartão postal é responsável por colher praticamente toda a água que corre do Centro, parte da Zona Oeste (Jardim Quebec, Jardim Araxá, Jardim Presidente, Jardim Champagnat, Jardim Hedy, Jardim Tókio...) e uma pequena parte da Zona Sul (Gleba Palhano, Jardim Guanabara, Jardim Bela Suíça, Jardim Cláudia, Jardim Vale do Reno...). Por quê? Os fundos de vale do Leme (aquele do Zerão), do Água Fresca (aquele na duplicação da r. Goiás, atrás da UniFil), do Rubi (indo para UEL pela av. Castelo Branco, em frente a Fábrica 1), do Baroré (depois do Rubi, próximo a UEL) e do Capivara (atrás do Quinta da Boa Vista) desembocam no Igapó, que segue também para o Parque Arhtur Thomas. Esses córregos são responsáveis por cobrirem quase 50% das galerias pluviais da cidade...

Qual a solução? Para desassorear há 2 maneiras:
  • fazer dragagem com o lago cheio mesmo, que nada mais é que um enorme aspirador sugando a lama e jogando nas margens ou numa balsa.
  • esvaziar o lago e ir tirando a lama com tratores e escavadeiras, como se fosse uma terraplanagem de um terreno.
Para evitar o assoreamento, só vejo 1 maneira:
  • mapear todas essas galerias e criar redes de coleta ao longo delas para que toda a sujeira não chegue até os córregos e, assim, aos lagos.
Em São Paulo, SP, no início de 2009, houve um esvaziamento do lago no Parque da Aclimação, que foi ocasionado pelo rompimento do sumidouro. Assim que viram o lago vazio, constataram o lodo que foi acumulado no fundo, que nada mais é que matéria orgânica decompositada há anos, como animais mortos, restos de comida e dejetos fecais, vulgo, esgoto mesmo! O que fizeram lá foi encher novamente o lago e iriam fazer dragagem depois, que é o que a capital paulista faz frequentemente em seus lagos públicos. Por exemplo, nesse mês retiraram todos os peixes e patos de um setor do lago no Parque do Ibirapuera para começarem a fazer a dragagem dali. É um procedimento padrão para eles, ou seja, nada impossível de ser aplicado aqui... ou vão preferir fazer como sempre fazem? Para evitar manutenção, destroem ou somem com o que foi feito, como no caso do Calçadão... #fail

Londrina completa 76 anos amanhã e o Igapó foi presente de aniversário dos 25 anos da cidade, ou seja, completou 50 anos no ano passado! Mesmo depois de todo esse tempo, ainda não foi aprovado o Código Ambiental no Plano Diretor do município, que poderia evitar esses abusos e descasos com o meio ambiente local... faltou bom senso e, principalmente, vontade política!

4 comentários:

margareth disse...

Tanto me choca o descaso com o lago, quanto a falta de interesse das pessoas em comentar essa máteria.
Quem ama e respeita londrina, deveria refletir mais a respeito e de preferência agir de alguma forma, nem q seja se juntar aos q tiveram corajem de se expressar e mostrar a cara!

Se todos q de alguma forma se entristecem com a morte do lago mandassem cartinha a prefeitura, quem sabe alguem lá toma a causa...

Só sei q perceber a cada dia q lá caminho a vida do lago se esvaindo,me faz querer ajudar...outro até pensei em chamar pelos bombeiros! rsrsr

Marcel disse...

Então, é perigoso os bombeiros ficarem atolados no lamaçal q tá virando o Lago II...

É puro descaso e falta de vergonha na cara! Todos sabem os culpados e todos sabem como evitar ou, pelo menos, amenizar o problema!

Multar donos de lotes q não fazem as contenções de terra adequadamente? É uma opção válida! Infelizmente, só mexendo no bolso para aprenderem a ter consciência ecológica...

Há outros bancos de terra surgindo na ponte de madeira perto do Corpo de Bombeiros... ali chega o córrego Água Fresca, q traz muita água e sujeira do Centro...

Anônimo disse...

gostaria de ver fotos de quando o igapó 1 e 2 estavam vazios , voce tem essas imagens ou poderia informar onde tem ?
fico no agurado
Vitor Lourenço

Marcel disse...

Eu não tenho essas fotos, mas acredito q no acervo do Museu Histórico seja possível adquirir, sim!

No segundo pavimento tem uma área onde estão catalogados os principais jornais, livros, revistas, etc... e tem uma parte com arquivo digital tb!

Talvez, indo na Folha ou no JL encontre alguma coisa tb, mas não sei como é a divulgação do material de arquivo deles, só sei q no Museu qualquer um pode pegar pagando uma singela taxa.