sábado, 18 de setembro de 2010

Você sabia? (Museu Histórico)

Hoje, conforme anunciei no post de ontem, o Museu Histórico Padre Carlos Weiss completa 40 anos! Assim, eu resolvi homenageá-lo com o décimo post desta seção! O museu foi inaugurado no dia 18 de setembro de 1970.

Nem sempre o museu foi ali naquele prédio da antiga estação ferroviária. Inicialmente, funcionava no mesmo prédio que a antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Londrina, que hoje é o CLCH (Centro de Letras e Ciências Humanas) no campus da UEL.

Prédio do atual Museu Histórico completa 60 anos neste ano, mas o museu mesmo possui 40 anos, foto de Ivan Teixeira












Porém, tratarei de escrever sobre o prédio em si do museu atualmente, que é a sua imagem mais forte. Como disse anteriormente, ali era a estação ferroviária de Londrina! A história do Norte do Paraná pode ser escrita em função da linha férrea que a CTNP (Cia. de Terras Norte do Paraná) construiu ligando esta região ao porto de Santos, em São Paulo (ver post "Resgate da história: Norte do PR"). Sendo assim, o edifício da antiga ferroviária é o principal elo entre o passado da cidade com a atualidade, portanto, digno de hospedar honrosamente a história desta terra como um museu histórico.

Mas, antes mesmo deste prédio de tijolos e telhas cerâmicas, havia um de madeira desde 1935! O atual foi construído pela própria CTNP e inaugurado no aniversário da cidade em 1950, foi inspirado na ferroviária de Londres, em menor escala, obviamente. Funcionou como ferroviária até 1981 e após muitos anos abandonado, a partir de 1986, já era o museu.

Antigo edifício da estação ferroviária, que funcionou até 1950 no mesmo local, foto de autor desconhecido





Antes de transformarem em museu, cogitaram até demolir o edifício após a retirada da linha férrea do Centro da cidade!!! Um absurdo que foi logo revertido... Isso demonstra que desde aquela época Londrina não tratava da sua história com o devido respeito... O que também não justifica os erros de hoje, como a reforma do Calçadão (ver post "Calçadão... saudades ou progresso?")! Mas, serve de exemplo que é possível preservar sem perder a qualidade.
* A av. Leste-Oeste era o leito da linha férrea, que depois foi feito o desvio passando pela Zona Norte. Inclusive, os pórticos do PAI e da Praça Tomi Nakagawa estão locados exatamente por onde passavam os trilhos.
Em 2000, foi inaugurada a segunda reforma do edifício, que foi todo revitalizado a cargo do Arquiteto e Urbanista Jorge Marão Carnielo Miguel e do Arquiteto e Urbanista Antônio Carlos Zani, ambos são professores do curso de Arquitetura e Urbanismo na UEL (aliás, desde 1974 que a UEL é responsável pelo museu). Os arquitetos transformaram toda a instalação do prédio em um excelente espaço de exposição. Há várias alas no térreo que funcionam como salas de exposição permanente e temporária, além, do setor de objetos (ali, antigamente, era o restaurante, a sala de bagagens, a sala de espera, etc). Apenas o guichê sobrou da antiga ferroviária e a plataforma de embarque, o resto dos espaços foram muito bem aproveitados para a nova atividade do edifício. Onde era a área administrativa da estação, hoje é uma área que abriga o setor de imagem e som, a biblioteca e o setor de documentação, que registra livros e periódicos, como jornais e revistas da cidade ou que falam sobre Londrina.
* Inclusive, você pode buscar imagens lá no museu! Basta pagar uma taxa e levar um CD para gravá-las. Logicamente, a impressão é você que vai atrás de alguém, né?
A entrada pela Praça Rocha Pombo também foi ativada na segunda reforma. Antes, você acessava pelo portão lateral, que hoje só serve para carros. Agora, você entra pela praça, desce a escadaria e passa por um túnel embaixo da r. Benjamin Constant até chegar ao jardim. Este trajeto cria uma poesia interessante: sendo um espaço de transição da agitação do Centro e da atualidade até entrar em um espaço calmo e que conta o passado... No túnel também há imagens e informações sobre a transformação da estação ferroviária em museu, além do nome de todas as pessoas que contribuíram para a obra.

Praça Rocha Pomba, que é tombada para preservar o visual entre a antiga rodoviária, atual Museu de Arte, e a antiga ferroviária, atual Museu Histórico, foto de autor desconhecido








Túnel que dá acesso ao jardim e ao museu, o acesso subterrâneo foi ativado na segunda reforma, foto de autor desconhecido












O jardim frontal era a área de embarque e desembarque de pessoas que chegavam na estação para pegar os seus trens e também para carga e descarga que eram despachadas para fora da cidade. Após a segunda reforma, decidiram plantar pés-de-café ali, que hoje já estão enormes! Todos os bancos deste jardim possuem nomes de famílias de pioneiros que contribuíram com o acervo do museu, uma idéia bacana para homenagear estas pessoas que decidiram ajudar a contar a história de Londrina.

Antes, o jardim atual era o pátio de embarque e desembarque e estacionamento, foto de Yutaka Yasunaka















Os pés-de-café foram plantados na segunda reforma, que configurou o prédio como um espaço realmente qualificado para ser um museu, foto de autor desconhecido










Os vagões de trem que estão estacionados na plataforma de embarque e desembarque também foram reformados. Junto com aqueles vagões era pra ter uma "Maria-fumaça" também! Mas, como os vagões não estão bem protegidos e bem cuidados, a UEL não consegue verba para revitalizar a "Maria-fumaça", que está estacionada lá no campus, dentro do pátio da Prefeitura do Campus (quem quiser vê-la, é só pedir pra algum funcionário, ela está embaixo de uma cobertura, mas sem paredes). No início dos anos 2000, houve um concurso de projetos arquitetônicos para uma cobertura ser instalada ali e, assim, proteger os vagões de trem para receber a "Maria-fumaça", mas a qualidade dos projetos foi bem baixa e o projeto vencedor nem chegou a ser executado pela forte reação que arquitetos e urbanistas tiveram contra a descaracterização da antiga estação ferroviária.

A única parte que deixa a desejar no museu é a preservação dos vagões de trem, que se encontram muito deteriorados, foto de autor desconhecido









Assim, o prédio atual do Museu Histórico de Londrina não só é um marco arquitetônico permanente da nossa história, como também marcou presença na vida de todos os pioneiros e hoje conta para todas as novas gerações um pouco do passado da nossa terra.

2 comentários:

R.C. disse...

oi marcel, td bem?
viu, parabens pelo seu blog, eu sempre q posso leio, e acho bacana.
ai eu li esse ultimo, e queria perguntar q ferroviaria de londres q foi inspirado o museu? eu fiquei pensando em victoria ou st. pancras, mas nao sei se to certo.. nao consigo pensar em nenhuma q lembre..
abraco.

Marcel disse...

Então, Bauru...

Ela é uma polêmica q muitos tentam evitar, mas, na real, o prédio da antiga ferroviária é em estilo normando-germânico. Ou seja, alemão!

Porém, dizem q a ferroviária na qual ele foi inspirado não existe mais em Londres. Então, fica a dúvida sobre qual prédio ele foi realmente inspirado...

Mas, independentemente, o edifício é inspirado em um estilo europeu, fora dos padrões tupiniquins da época. Mas, não há um registro sobre qual prédio exatamente foi inspirado o do atual Museu Histórico.