terça-feira, 5 de abril de 2011

"Eu Voto Distrital"

E começou uma campanha na internet (e, em breve, nas ruas) para o voto distrital. Mas, afinal, o quê quer dizer isso? - perguntariam alguns leitores... assim, tentarei explicar resumidamente.

Hoje, as eleições para os cargos executivos (prefeitos, governadores e presidente) e legislativos (vereadores, deputados e senadores) são majoritárias, ou seja, quem tem mais voto, vence! Isso faz com que inúmeros candidatos precisem disputar grandes áreas territoriais para conseguir o voto de inúmeros eleitores e muitas vezes nem recebe voto do eleitor que está próximo a ele, ou seja, um voto sem sentido...

Logotipo da campanha com a hashtag para o Twitter, movimento que começa pela internet, promete tomar as ruas também






Há um absurdo paralelamente a isso, que é o coeficiente eleitoral. Conforme já havia explicado no post "Eleições 2010: considerações", trata-se de uma simples fórmula, na qual pegamos o total de votos válidos (ou seja, os votos em algum candidato ou partido, desconsiderando os nulos e brancos) e dividimos pelo número de cadeiras na Câmara de Vereadores, ou na Câmara dos Deputados ou na Assembléia Legislativa, assim, o resultado dessa divisão é o quoeficiente eleitoral. Após isso, todos os votos que tal partido recebeu - tanto os votos na legenda, como os votos em seus candidatos - são somados e divididos por esse quoeficiente. Dessa forma, temos quantas vagas daquele partido ocuparão as casas legislativas.
Ah, mas e o Senado? - O Senado é fixo o número de vagas por estado e não há mais de um candidato por partido, ou seja, não haveria necessidade fazer o cálculo neste caso. E qual o problema desse quoeficiente? - Por exemplo, se o candidato Fulano teve uma votação expressiva, ele pode puxar outros candidatos do seu partido a se elegerem também e o candidato Beltrano, que é de outro partido, perde a eleição porque já foram preenchidas as vagas referentes ao seu partido, mesmo ele tendo mais votos que os candidatos eleitos do partido de Fulano. O quoeficiente foi criado porque as vagas pertencem ao partido e não aos candidatos, mas todos sabem que isso não funciona muito bem, né...
Assim, o Congresso Nacional está considerando uma reforma política no Brasil e está inclusa a discussão sobre o voto distritral, que acaba com a eleição majoritária "proporcional" e institui o voto por uma divisão entre regiões de uma cidade, ou de um estado. Como assim? - os políticos disputariam o voto por regiões menores e não mais em grandes centros e seria permitido apenas um candidato por partido e por "distrito"! Evitando, dessa forma, que muitos políticos de um mesmo partido em uma eleição para o Legislativo disputem os mesmos eleitores. Isso faz com que o custo das campanhas reduza drasticamente, evitando também possíveis "caixas dois" e doações ilícitas...

Outro benefício na esfera do Legislativo, é que os eleitores estarão mais próximos de seus candidatos eleitos e poderão cobrar mais efetivamente deles melhorias para a sua região, além também de acompanhar mais de perto o quê ele anda fazendo no "poder". Por exemplo, se um político se envolver em um escândalo, será facilmente substituído por outro candidato daquele distrito, não correndo o risco do referido corrupto se eleger por votos de outros núcleos, como acontece hoje... Lideranças locais também teriam mais chances de se eleger, favorecendo o senso de comunidade. E do outro lado, os eleitores votariam em um candidato mais condizente com a sua região, sendo mais bem representados.

O Brasil poderá mudar o rumo das eleições e dos políticos, além de tentar diminuir a corrupção com o voto distrital

















Há um site com um blog no ar há algumas semanas e neles vocês podem ler muito mais sobre o projeto. Inclusive, pode participar do abaixo assinado que este movimento propõe. A propósito, é um movimento apartidário, ligado a nenhuma ONG, ou associação... enfim, a nada mesmo! É a sociedade civil propondo uma mudança de pensamento para os brasileiros, trazendo um processo eleitoral mais inteligente, a meu ver, e aprovado em vários países, como os EUA e a Inglaterra - as democracias mais consolidadas do mundo.

A meta do movimento é chegar aos 5 milhões de assinaturas (hoje, está com pouco mais de 13 mil) antes da proposta entrar em discussão no Congresso Nacional (data ainda a definir). Portanto, todos que acharam interessante a causa, ajudem a divulgar por e-mail e, principalmente, pelo Twitter, pois o próprio logotipo sugere isso quando utiliza a hashtag (vulgo, o "#" na frente das palavras).

Logomarca do movimento, estimula o uso da hashtag #EuVotoDistrital no Twitter


















Lógico que apenas isso não será a grande mudança e nem resolverá todos os problemas da política brasileira, mas já trará um novo olhar e ajudará o eleitor a pensar melhor em quem votar. Há pesquisas indicando que mais de 70% dos eleitores não se lembram em quem votou para vereador ou deputado nas últimas eleições... Portanto, algo está errado, né?? #fail

Acho que só teremos benefícios e o mais interessante seria se a proposta estendesse também para a esfera do Executivo, como é nos EUA. Assim, os candidatos venceriam nos distritos e quem obtivesse mais distritos, venceria a eleição. Mas, isso já é outra discussão...

Imagens de autor desconhecido.

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