quarta-feira, 16 de novembro de 2011

"Ocupa Londrina" atrai pés-vermelhos ao Bosque!

Depois do 1º dia de manifesto do movimento "Ocupa Londrina", no sábado passado, dia 12 de novembro, foram convocadas novas manifestações todos os dias seguintes que vão durar ao longo da semana. Assim, como ontem era o feriado da Proclamação da República e o tempo abriu após as chuvas desde o fim-de-semana, mais de 250 pessoas participaram das atividades!
O "Ocupa Londrina" surgiu no facebook após a divulgação de uma foto do jornalista Guto Rocha, que revoltado com o corte das árvores na sexta-feira passada, dia 11 de novembro, publicou uma foto em seu perfil. Rapidamente, houve centenas de compartilhamentos que chegaram até um grupo de discussão sobre arte e cultura na cidade, que já existia no facebook, é o grupo "Pé Vermelho". Assim, as pessoas aproveitaram aquele espaço para decidirem o quê fazer sobre o assunto e criaram o manifesto inspirados no "Occupy Wall Street", mas com o intuito de discutir o quê está acontecendo em Londrina por conta das intervenções urbanísticas da atual administração, que está esquecendo a história e a cultura da cidade.

Protesto do dia 13 de novembro, 2º dia de ocupação, cruzes no Zerinho destruído e a criatividade da população nos protestos, foto de Rosália Toledo

No mesmo dia, foi feito o funeral simbólico das árvores e do Zerinho, foto de Mariana Lorenzo

No feriado do dia 15 de novembro, 4º dia de ocupação, mais de 250 pessoas participaram das atividades, foto de Naid Melo Moura

Porém, houve algumas declarações infelizes do secretário de governo, Marco Cito, e do jornalista Diogo Hutt no telejornal "Primeira Hora" da TV Tarobá, afiliada Rede Bandeirantes (Band) em Londrina. Marco Cito tentou desqualificar o movimento na Rádio Paiquerê AM dizendo que é perseguição política ao prefeito Barbosa Neto (PDT), tentando desviar da questão principal porque a vereadora Lenir de Assis (PT) apareceu apoiando e prometeu entrar com o assunto na Câmara Municipal (o PT era da administração anterior, como todos lembram... aquela que ficou 8 anos e fez quase nada). Já o infeliz jornalista, tentou desmoralizar o movimento, que é genuinamente popular, e debochou com ironias das atividades que a população de Londrina está realizando no Bosque e que está também clamando por justificativas (o estranho aqui é que o referido jornalista trabalha também na Rádio Brasil Sul, que é de propriedade do prefeito Barbosa Neto (PDT), ou seja, explica-se muita coisa nas falas dele, né?).

Não entrarei no mérito da questão ambiental, se foi ou não foi crime ambiental o corte das árvores do Bosque, que já gera polêmica porque alguns dizem que eram espécies na lista vermelha das ameaçadas de extinção, como a  Jacaratia spinosa, também conhecida como Mamoeiro-do-mato... Assim, quem está cuidando disso é o IAP (Instituto Ambiental do Paraná), que notificou a Sema (Secretaria de Meio Ambiente) e a Secretaria de Obras, responsáveis pelo corte, e o IPPUL (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), responsável pelo projeto, para darem explicações e EMBARGOU a obra hoje, dia 16 de novembro. A ONG MAE (Meio Ambiente Equilibrado) também entrará com recursos no MP (Ministério Público) pedindo a paralisação das obras até que tudo seja explicado e até julgado, pois há um processo na Secretaria de Cultura do Estado pedindo o tombamento da área.

Assim, vou emitir opiniões no que diz respeito à minha área de formação, Arquitetura e Urbanismo. Logo, o principal ponto que vale lembrarmos para a discussão deste assunto é a representatividade desta área na história e no cotidiano de Londrina. Portanto, na vida cultural da cidade! Sim, o Bosque foi largado às moscas, ou melhor, aos pombos, por muitos anos e achamos que teríamos algo positivo quando retiraram as grades (ver post "Um suspiro para o Bosque..."), mas fomos surpreendidos com este belo tapa na cara, onde na contramão dos novos pensamentos urbanísticos, o prefeito decidiu valorizar os carros ao retroceder um avanço do passado, quando foi fechado para os pedestres e transformado na ÚNICA área de esporte e lazer do Centro da cidade, o Zerinho...!

População isola a área onde houve "crime ambiental", protestos vão durar todos os dias desta semana, foto de Thaís Arcangelo









Dizem que serão replantadas mais do que 4x o número de árvores cortadas e que toda a área do Zerinho será realocada pelo Bosque, assim como, o parquinho infantil e a quadra de esportes... perguntas:
  • Cadê o projeto?
  • Quem assinou?
  • Onde serão realocadas as áreas?
  • Cadê o levantamento feito pelo IPPUL?
  • Cadê a pesquisa feita pelo Instituto de PES-QUI-SA e Planejamento Urbano de Londrina???
Sinceramente? Acredito que nada foi feito, apenas fizeram pelo mero "achismo". Até imagino qual foi a brilhante pesquisa feita: uma simples contagem de carros nas esquinas ao redor e SÓ! Essa foi a "grande pesquisa" realizada... E, mais uma vez, estão eliminando uma área tão importante na história da cidade com uma justificativa pobre e com pouco embasamento... É que há um enorme congestionamento nos horários de pico, né? A pessoa deve gastar uns 5min. pra passar por ali, o quê já é o caos, né!!! NOT!

Abrir a r. Piauí vai ajudar pouquíssima coisa porque ela morre 2 quadras depois! E para fazer isso, terão que eliminar as vagas de estacionamento existentes em frente ao Centro Comercial (ver post "Você sabia? (Centro Comercial)"), que hoje são em 45º e vão ter que ser alinhadas com o meio-fio para dar a tão esperada vazão de fluxo extraordinária estimada pelos técnicos do IPPUL!!! óh! NOT²!

Os meios de transporte precisam estar alinhados e integrados, tanto o individual, como o coletivo. No caso, o individual inclui também os pedestres, não são só os carros (como muitos pensam), afinal, geralmente 1/3 das viagens de uma cidade são feitos a pé (até a capital paulista atinge essa proporção). A travessia por pedestres no Bosque não é só uma questão técnica, é cultural! Além de ser a única área de lazer e esportes do Centro, deve ser mantida a interligação das 2 quadras de mata, SIM! Isso é crucial para a requalificação futura da área! Mesmo quando havia o terminal de ônibus ali, era um modal que fazia uma conexão entre as quadras, já uma rua é um claro divisor.
Há também um estudo para o tombamento estadual do área, mas vale lembrar que nem sempre é sobre o construído, o existente... pode ser também sobre o imaginário ou a representatividade, como é o caso da Praça Rocha Pombo, que é tombada mas para preservar a permeabilidade visual que o edifício da antiga rodoviária, atual Museu de Arte, possui com a Zona Norte da cidade. O projeto do Arquiteto Vilanova Artigas valorizava a vista para os cafezais existentes ao norte, que hoje não existem mais, mas preservou-se a intenção enquanto crucial para o entendimento do partido adotado no desenho das formas deste belíssimo exemplar do modernismo brasileiro (ver post "Você sabia? (Vilanova Artigas)" e "Antiga rodoviária será restaurada!").
Acho que a discussão precisa ser levada mais para o lado da representatividade histórica e cultural que o Bosque possui com a população londrinense do que com a viabilidade do prolongamento da r. Piauí ou com o corte das árvores, pois estes argumentos enfraquecem quando apresentam "estudos técnicos" (entre aspas porque eu questiono a capacidade técnica de muita gente do IPPUL, pouquíssimos se salvam lá dentro).

Várias famílias, idosos e crianças participaram do manifesto de ontem, foto de Mariana Lorenzo

Crianças plantaram espécies nativas e ameaçadas de extinção no local onde foi destruído o Zerinho, um local público também é feito da participação popular, não de meia dúzia de "técnicos", foto de Rosália Toledo
Na minha opinião, a foto mais bonita até agora, pois mostra uma criança (o futuro), com a terra vermelha de Londrina (o maior símbolo da cidade) em suas mãos após plantar uma muda no Bosque (o alvo da preservação), foto de Gina Mardones

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"Ocupa Londrina"

Hoje, dia 11 de novembro, surgiu a idéia para um manifesto que acontecerá amanhã, sábado. Foi nomeado de "Ocupa Londrina", inspirado nas inúmeras manifestações que estão acontecendo pelo mundo sobre a crise econômica que alguns países estão enfrentando (começou com o "Occupy Wall Street").

Mas o nosso manifesto de ocupação tem nada a ver com a crise econômica e, sim, com a nossa crise cultural, artística e histórica que Londrina vem sofrendo nos últimos tempos, em especial, nesta administração do atual prefeito Barbosa Neto (PDT).

Confesso que houve alguns avanços, como a recuperação da Casa da Criança (ver post "Restauração da Casa da Criança..." e "Voltando às origens... Casa da Criança!") e o início para a restauração da antiga rodoviária, o atual Museu de Arte (ver post "Antiga rodoviária será restaurada!"). Mas, os retrocessos são inúmeros quando falamos do Calçadão, por exemplo (ver post "Calçadão... saudades ou progresso?"). Um símbolo há quase 30 anos na história da cidade, com uma forte imagem na identidade da região central, sendo apagado... E, agora, o Bosque Municipal também está sofrendo uma intervenção que deixará uma cicatriz marcada...
No passado, o Bosque tinha um terminal de ônibus ali onde hoje é o Zerinho, uma área de lazer para os moradores do Centro (o nome é, obviamente, inspirado no Zerão, outra famosa área de lazer da cidade). Agora, a Prefeitura quer abrir a r. Piauí, cortando aquele espaço ao meio. O blog noticiou o início das reformas no ano passado, quando retiraram as grades, mas ainda não sabia que iriam fazer isso (ver post "Um suspiro para o Bosque...")
Essa "reforma" começou há algumas semanas já, mas hoje que o impacto visual chocou muitos londrinenses que passaram por lá... Assim, existe um fórum de discussão no facebook, onde pés-vermelhos decidiram montar este manifesto de ocupação do Bosque amanhã, dia 12 de novembro, às 14h00.

Divulgação do manifesto "Ocupa Londrina" pelo facebook está mobilizando centenas de londrinenses e promete criar um Fórum Permanente de Cidadania, para discutir cultura e arte na nossa cidade, imagem de Sassá Cartum






O blog Janela Londrinense apóia o manifesto e acredito que ele deve ocorrer durante a semana também, até como uma forma de pressionar a Prefeitura a rever os trabalhos! Acho que a discussão sobre o corte das árvores é uma pequena ponta da falta de senso histórico e ambiental que os urbanistas que estão lá dentro pensam... por exemplo, a reforma do Calçadão é um projeto que nasceu totalmente dentro do IPPUL (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), um verdadeiro absurdo!!!
O Bosque, ao contrário do que muita gente pensa, não foi sempre daquele jeito. Apenas algumas árvores são remanescentes da vegetação original, como a peroba-rosa próxima ao parquinho e a imponente figueira-branca mais próxima à Catedral. Olhando fotos antigas da região é possível ver que eram quase "peladas" aquelas quadras.
Não defendo a manutenção da vegetação como está há décadas, crescendo livremente sem controle de remanejamento das espécies, mas defendo a criação de um projeto paisagístico adequado e devido ao tamanho da área (2 quadras), deve ser criado um projeto urbanístico levando em consideração o entorno (Catedral, Concha Acústica - Praça 1º de Maio, Praça 7 de Setembro, etc...).

18 árvores foram cortadas do Zerinho para a abertura da r. Piauí, cortando o Bosque ao meio, foto de Guto Rocha





O Zerinho já quase todo desmontado no fim-de-semana passado, foto do autor

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Eu quero 15!"

Retomando as publicações, vou começar com outro post sobre o abaixo-assinado para a redução do número de vereadores...
Para quem acompanha, o blog Janela Londrinense apóia a causa que propõe a redução do número de vereadores em Londrina. Atualmente, contamos com 19 vereadores e de acordo com a nova Lei aprovada pelo Congresso Nacional, que revê o cálculo de vereadores pelos municípios brasileiros, a cidade poderia ter até 25 vereadores. Os nossos "parlamentares municipais" queriam aumentar para 21 vereadores, mas este movimento popular pretende que Londrina vire referência no Brasil e ao invés de aumentar, propõe a redução para 15 vereadores, pois assim teríamos mais qualidade no andamento dos trabalhos, visto que os escândalos políticos tomaram a casa legislativa municipal nas 2 últimas legislaturas.
Para conceituar melhor, há alguns posts no Janela sobre o assunto que explicam como foram os passos para o surgimento do movimento e em que pé estamos no momento. Confira:

Neste, o Engenheiro Civil Cláudio Espiga (ilustre morador da cidade, sempre engajado em causas a favor do bem estar da comunidade) lança a idéia para a redução dos vereadores a fim de ser divulgada por todos que receberam o seu e-mail, através da Rede de Participação Política do Sesi/PR. Nele, contém o contato dos vereadores da atual legislatura para que a população faça pressão nos representantes do Poder Legislativo municipal.

Já neste outro, Espiga amadurece a causa e promove o abaixo-assinado propondo a redução, onde coloca um modelo de folha a ser impressa por quem a recebeu e sugere fixá-la em locais públicos para ser divulgada e aumentar a participação dos londrinenses.

Aqui, o blog acompanhou um dia de coleta de assinaturas no Calçadão feito pela Associação Amigos de Londrina, que foi informalmente criada para organizar os manifestos, tornando-se responsável pelo movimento popular a favor da redução para 15 vereadores.

Assim, conseguiram juntar mais de 26 mil assinaturas pela cidade e enviaram para a Câmara Municipal no dia 15 de setembro! Porém, mesmo com a pressão da população, os vereadores votaram a manutenção dos atuais 19 parlamentares...

Então, o Advogado Miguel Antônio Ramos, membro da Associação, entrou com um processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para exigir a redução com base em uma possível falha na emenda que instituiu o atual número de vereadores: "No nosso entendimento, o parágrafo 2, artigo 13 da Lei Orgânica do Município foi revogado pela emenda constitucional 58. A emenda alterou, modificou o número de vereadores. Sendo assim, nós entendemos que Londrina hoje não tem uma determinação de número de vereadores. Por isso, nós entramos com uma ação junto ao TSE para que ele determine o número e pedimos que seja de 15."

Porém, o advogado lembra que há uma certa urgência para que o ministro Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira, que aceitou analisar o processo 157.202, julgue a favor da redução: "A lei eleitoral diz que qualquer alteração tem que ser aprovada um ano antes da eleição. Eu mandei no dia 29 de setembro, nossa esperança era que até o dia 5 de outubro o Tribunal julgasse. Mas se minha teoria estiver certa, Londrina não tem nenhuma determinação sobre o número de vereadores. O que a gente pretende agora é sensibilizar o ministro e por isso a gente pede que a população envie um e-mail para o gabinete do ministro, pedindo que ele determine a mudança para 15 vereadores."

Portanto, quem quiser fazer parte desta "corrente" para reduzirmos o número de vereadores em Londrina e fazer da nossa cidade um exemplo de civilidade para o Brasil inteiro, pode enviar um e-mail para o referido ministro pedindo que julgue a favor do movimento! O endereço é gabminmr@tse.jus.br e há um modelo de texto disponibilizado pela Associação:
Ao Exmo. Ministro Dr. Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira,
Eu, coloque o seu nome, solicito a Vossa Excelência, que no processo nº 157.202, seu voto seja favorável, determinando que o município de Londrina - Paraná, tenha somente 15 vereadores em sua Câmara Municipal.
Assine seu nome
Repasse este post para todos que conhecerem, vamos divulgar e fazer pressão para que a mudança comece por Londrina! A diminuição de todos os vereadores são mais benefícios para a população!

Menos quantidade... Mais qualidade!!!